Consumir eletricidade obtida só em fontes renováveis
A cooperativa Coopérnico pretende dar aos portugueses a oportunidade de consumir eletricidade conseguida totalmente a partir de fontes renováveis, através da participação no capital da entidade e na sua atividade, disse hoje o seu responsável.
"Queremos conseguir que as pessoas se envolvam na promoção da utilização das energias renováveis e a cooperativa irá faze-lo através do investimento coletivo" nas fontes alternativas, explicou à agência Lusa Nuno Brito Jorge.
A Coopércio, criada há cerca de um ano e atualmente com 135 membros, "identifica boas oportunidades para instalação de energia solar, que pode ser nos telhados de uma instituição de solidariedade social, por exemplo", à qual é pago um aluguer e os participantes na cooperativa investem no projeto, mas também em habitações ou empresas, explicou.
A eletricidade produzida pelos painéis solares será vendida e os membros são remunerados pela faturação obtida pela central.
Segundo o presidente da cooperativa, "a transição energética é passar das [energias] fósseis para as renováveis, mas também dos grandes parques eólicos e das grandes centrais fotovoltaicas para a produção verdadeiramente descentralizada, para a lógica do produtor-consumidor e da passagem das grandes empresas para as pessoas".
A proposta é que cada um seja "dono" de uma parte da Coopérnico, sendo a participação mínima de três títulos de capital social, que tem um valor de 60 euros, e que decida, em conjunto, o rumo a tomar.
Justificou a opção por uma cooperativa por ser, "na prática, uma empresa de gestão democrática e cada pessoa vale um voto independentemente do capital" aplicado, para "envolver as pessoas na criação de um novo modelo energético de produção de energia renovável de forma descentralizada e com uma utilização eficiente".
Para 2015, Nuno Brito Jorge apontou o "desafio brutal que é dizer às pessoas que podem comprar a eletricidade [à Coopérnico] e, sem implicar qualquer mudança no estilo de vida, burocracia ou custos, passarem a ser donas da sua empresa de eletricidade e escolherem ter só eletricidade verde nas suas casas".
A Coopérnico -- Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável e Cidadania, que Nuno Brito Jorge referiu ser a primeira cooperativa portuguesa de energias renováveis, segue o exemplo de várias organizações já existentes na Europa.
Já tem seis centrais fotovoltaicas ativas, três das quais em instituições, uma numa cooperativa, outra num turismo rural, e em edifícios municipais de Mangualde.
Através de um consórcio com três cooperativas europeias de energias renováveis, já foram investidos 250 mil euros, dos quais 50 mil são da Coopérnico, como salientou o seu presidente.
A Copérnico organizou com a Federação Europeia de Cooperativas de Renováveis (REScoop.eu) um 'workshop', a decorrer em Lisboa, no sábado, para troca de experiências na aposta nas energias renováveis, menos poluentes, seguindo este modelo específico de financiamento.
O encontro contará com a presença do presidente da REScoop, bem como dos presidentes de quatro das maiores cooperativas de renováveis da Europa (França, Bélgica, Holanda e Espanha).
Fonte: portocanal.sapo.pt EA//GC | Lusa/Fim 11/12/14